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Porto Handling Glitch

Rúben Almeida

Porto Handling Glitch

Como ponto de partida para o projecto tomei como referência o trabalho de dois artistas. Um deles, Phillip Stearns, artista nova-iorquino cuja obra está intrinsecamente ligada ao glitch. Um dos seus projectos mais conhecidos é o “Year of the Glitch”, que consiste em criar um glitch todos os dias durante um ano. Mas, o que mais me interessa no seu trabalho é um outro seu projecto designado “Glitch Textiles” em que ele concilia a arte digital e a design têxtil, reproduzindo analógicamente padrões obtidos em imagens submetidas a glitch. Dentro também da reprodução analógica de linguagens características do mundo digital está também o trabalho do outro artista, irlandês, o Enda O’Donoghue, que conjuga no seu imaginário artístico o interesse pelo mundo da imagem digital e o da pintura, buscando referências não só ao glitch já referido, mas também ao pixel, que interessou mais tarde para o meu projecto.

O projecto pretendeu explorar um caminho processual historicamente antagónico, ou seja, que procura inverter os papeis da articulação dos meios analógicos e digitais na criação de imagem. Historicamente, a imagem tem uma existência analógica desde sempre e a sua importação para o mundo digital é algo relativamente recente. Apesar dessa novidade, podemos dizer que a criação de imagem tem ganho muita força neste último meio e cada vez o meio digital se afirma mais como o meio predominante para a produção artística.

O projecto parte da imagem digital, numa recolha de imagens encontradas, que no início ainda estavam disponíveis para recair sobre algum tema que não tinha ficado estabelecido à priori. Depois de criar glitches nas imagens digitais através dos meios que foram explorados nas aulas da unidade curricular, as imagens iriam passar por uma recombinação por meios analógicos, que ficaram também em aberto. O tema, a cidade do Porto, surgiu por influência de trabalhos que desenvolvi para outras unidades curriculares pelo que forneceu uma base de trabalho variada visualmente. Acabou por se focar mais nas estruturas arquitectónicas da cidade porque foram as imagens que se tornaram mais interessantes de trabalhar pois alguns efeitos característicos no glitch, principalmente o seccionamento da imagem, abriam perspectivas sobre o espaço da cidade que achei muito curiosas. Os resultados, já na fase digital, eram muito ricos, mais ricos do que estava à espera, o que me causou problemas e me bloqueou um pouco na altura de passar ao trabalho analógico.

Porto Handling Glitch

A técnica que decidi usar para trabalhar as imagens na segunda parte do projecto foi a colagem, porque me permitiu não ser demasiado intrusivo ou perder as referências que angariei e que queria que estivessem presentes no projecto. Os trabalhos que acabaram por resultar melhor foram nas imagens com menor nível de informação e/ou a intervenção foi mais económica. O projecto teve resultados interessantes e uma boa aceitação. Poderá e terá sempre margem de progressão quanto mais tempo lhe for dedicado, tendo em conta que é um trabalho de tentativa e “erro”, e também quantos mais meios e variações de técnica forem aplicadas.

Os glitches foram realizados no Notepad++ em imagens de formato .jpeg, .gif e .bmp (24 bit, 256 cores) de diferentes tamanhos. Na fase analógica do projecto foi usada a colagem como técnica. Foram combinadas imagens de motivos semelhantes e diferentes, simultâneamente.

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Rúben Almeida estuda Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.